Quem sou eu

Minha foto
Escrevinhador barato, compositor, leitor voraz, cozinheiro, músico e bancário nas horas vagas

sábado, 20 de agosto de 2011

Um pouquinho de poesia (2)

Sem título, como algumas obras de arte ou lixos pintados com Acrilic on Canvas (sim, já passou o ranço e posso voltar a falar de Legião Urbana), vai abaixo mais uma daquelas coisinhas achadas no fundo do baú. Ode à mulher,  à maravilha dos sentidos e a esta bela tarde de sábado. Espero que gostem.


Quando quero-te,
Abertura desvairada e sem sentido,
Nua carne rosada e ouvidos,
Não sou só um peito marcado pela dor
Ou tampouco o sexo que te preenche quando gozas.
Sou a outra face da palavra,
Toda sombra do mundo,
Debruçado no espectro de teus alvos seios,
Que apontam-me, alvo - preta boca de marfim que engole
Todos os fluídos que recitam
Que me queres, sem talvez sabê-lo.

Quando, quente, pouso as mãos em tuas coxas,
Que, ao frener, respondem que sois minha,
Contradizendo os vocábulos professados
Por essa boca
(meta-boca, boca-linguística, meta-linguística, meta-me-a-língua),
Vejo-te plena, segunda-feira morna,
Não querendo acordar
E feliz pelo advento do dia,
Brotando eu, nove meses após o sempre
Do deslanchar quente do meu corpo.
Chegando em tua alma,
Pelo menos de dia
Ou enquanto não me negares
Por completo.

sábado, 6 de agosto de 2011

O novo Ministro da Defesa

Deu no Escrivinhador, blog do ótimo Rodrigo Vianna, artigo sobre a postura que será adotada pelas Organizações(?) Globo ao tratar do novo Ministro da Defesa, o grande brasileiro Celso Amorim. Vale a leitura.

A Globo vai partir pra cima de Amorim. Isto significa que Dilma escolheu bem.
por Rodrigo Vianna


Acabo de receber a informação, de uma fonte que trabalha na TV Globo: a ordem da direção da emissora é partir para cima de Celso Amorim, novo ministro da Defesa.
O jornalista, com quem conversei há pouco por telefone, estava indignado: “é cada vez mais desanimador fazer jornalismo aqui”. Disse-me que a orientação é muito clara: os pauteiros devem buscar entrevistados – para o JN, Jornal da Globo e Bom dia Brasil – que comprovem a tese de que a escolha de Celso Amorim vai gerar “turbulência” no meio militar. Os repórteres já recebem a pauta assim, direcionada: o texto final das reportagens deve seguir essa linha. Não há escolha.
Trata-se do velho jornalismo praticado na gestão de Ali Kamel: as “reportagens” devem comprovar as teses que partem da direção.
Foi assim em 2005, quando Kamel queria provar que o “Mensalão” era “o maior escândalo da história republicana”. Quem, a exemplo do então comentarista Franklin Martins, dizia que o “mensalão” era algo a ser provado foi riscado do mapa. Franklin acabou demitido no início de 2006, pouco antes de a campanha eleitoral começar.
No episódio dos “aloprados” e do delegado Bruno, em 2006, foi a mesma coisa. Quem, a exemplo desse escrevinhador e de outros colegas na redação da Globo em São Paulo, ousou questionar (“ok, vamos cobrir a história dos aloprados, mas seria interessante mostrar ao público o outro lado – afinal, o que havia contra Serra no tal dossiê que os aloprados queriam comprar dos Vedoin?”) foi colocado na geladeira. Pior que isso: Ali Kamel e os amigos dele queriam que os jornalistas aderissem a um abaixo-assinado escrito pela direção da emissora, para “defender” a cobertura eleitoral feita pela Globo. Esse escrevinhador, Azenha e o editor Marco Aurélio (que hoje mantem o blog “Doladodelá”) recusamo-nos a assinar. O resultado: demissão.
Agora, passada a lua-de-mel com Dilma, a ordem na Globo é partir pra cima. Eliane Cantanhêde também vai ajudar, com os comentários na “Globo News”. É o que me avisa a fonte. “Fique atento aos comentários dela; está ali para provar a tese de que Amorim gera instabilidade militar, e de que o governo Dilma não tem comando”.
Detalhe: eu não liguei para o colega jornalista. Foi ele quem me telefonou: “rapaz, eu não tenho blog para contar o que estou vendo aqui, está cada vez pior o clima na Globo.” 
A questão é: esses ataques vão dar certo? Creio que não. Dilma saiu-se muito bem nas trocas de ministros. A velha mídia está desesperada porque Dilma agora parece encaminhar seu governo para uma agenda mais próxima do lulismo (por mais que, pra isso, tenha tido que se livrar de nomes que Lula deixou pra ela – contradições da vida real).  
Nada disso surpreende, na verdade.
O que surprendeu foi ver Dilma na tentativa de se aproximar dessa gente no primeiro semestre. Alguém vendeu à presidenta a idéia de que “era chegada a hora da distensão”. Faltou combinar com os russos.
A realidade, essa danada, com suas contradições, encarregou-se de livrar Dilma de Palocci, Jobim e de certa turma do PR. Acho que aos poucos a realidade também vai indicar à presidenta quem são os verdadeiros aliados. Os “pragmáticos” da esquerda enxergam nas demissões de ministros um “risco” para o governo. Risco de turbulência, risco de Dilma sofrer ataques cada vez mais violentos sem contar agora com as “pontes” (Palocci e Jobim eram parte dessas pontes) com a velha mídia (que comanda a oposição).
Vejo de outra forma. Turbulência e ataques não são risco. São parte da política. 
Ao livrar-se de Jobim (que vai mudar para São Paulo, e deve ter o papel de alinhar parcela do PMDB com o demo-tucanismo)  e nomear Celso Amorim, Dilma fez uma escolha. Será atacada por isso. Atacada por quem? Pela direita, que detesta Amorim. 
Amorim foi a prova – bem-sucedida – de que a política subserviente de FHC estava errada. O Brasil, com Amorim, abandonou a ALCA, alinhou-se com o sul, e só cresceu no Mundo por causa disso.
Amorim é detestado pelos méritos dele. Ou seja: apanhar porque nomeou Amorim é ótimo!
Como disse um leitor no twitter: “Demóstenes, Álvaro Dias e Reinaldo Azevedo atacam o Celso Amorim; isso prova que Dilma acertou na escolha”.
Não se governa sem turbulência. Amorim é um diplomata. Dizer que ele não pode comandar a Defesa porque “diplomatas não sabem fazer a guerra” (como li num jornal hoje) é patético.
O Brasil precisa pensar sua estratégia de Defesa de forma cada vez mais independente. É isso que assusta a velha mídia – acostumada a ver o Brasil como sócio menor e bem-comportado dos EUA. Amorim não é nenhum incediário de esquerda. Mas é um nacionalista. É um homem que fala muitas línguas, conhece o mundo todo. Mas segue a ser profundamente brasileiro. E a gostar do Brasil.   
O mundo será, nos próximos anos, cada vez mais turbulento. EUA caminham para crise profunda na economia. Europa também caminha para o colpaso. Para salvar suas economias, precisam inundar nosso crescente mercado consumidor com os produtos que não conseguem vender nos países deles. O Brasil precisa se defender disso.  A defesa começa por medidas cambiais, por política industrial que proteja nosso mercado. Dilma já deu os primeiros passos nessa direção.
Mas o Brasil – com seus aliados do Cone Sul, Argentna à frente - não será respeitado só porque tem mercado consumidor forte, diversidade cultural e instituições democráticas. Precisamos, sim, reequipar nossas forças armadas. Precisamos fabricar aviões, armas. Precisamos terminar o projeto do submarino com propulsão nuclear.
Não se trata de “bravata” militarista. Trata-se do mundo real. A maioria absoluta dos militares brasileiros – que gostam do nosso país – não vai dar ouvidos para Elianes e Alis; vai dar apoio a Celso Amorim na Defesa, assim que perceber que ele é um nacionalista moderado, que pode ajudar a transformar o Brasil em gente grande, também na área de Defesa.
O resto é choro de anões que povoam o parlamento e as redações da velha mídia.

Toquinho e Badi Assad

Não me canso de assistir e tenho que dividir com vocês, caros seguidores. É um dos maiores espetáculos vocais e instrumentais que já vi. E olhe que já presenciei muita coisa nestes 847 anos de vida. Tecnicamente, poderia estar aqui ou em qualquer antologia musical  do Cravo Albim, dada a qualidade de ambos. Mas a diferença está no viés emocional. Fui apresentado pelo Ronaldo Macedo e, ato contínuo, corri para comprar o disco. É da uma beleza que faz corar, rir, chorar e agradecer aos céus por ser brasileiro e artista. Veja abaixo o medley de Sinal Fechado (Paulinho da Viola e Toquinho), Samba em Prelúdio (Baden Powell e Vinícius de Moraes), O Velho e a Flor (Toquinho, Vinícius de Moraes e Bacalov) e Mais Um Adeus (Toquinho e Vinícius de Moraes) interpretado pela espetacular Badi Assad e pelo, agora já, mestre Toquinho.


Para os que quiserem ver no Youtube, o link é http://www.youtube.com/watch?v=9wKxP7GNjFI

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Dia do Orgulho Hétero

Galera,

Em homenagem ao Dia do Orgulho Hétero, aprovado hoje pela Câmara de Vereadores de São Paulo, segue abaixo texto do Aran, publicado em seu blog (www.sitedoran.com.br) ainda em 2008. Sem qualquer conotação  homofóbica, vale pela brincadeira.


O DIA DO ORGULHO HÉTERO
Viva a minoria heterossexual


Tem um troço que não entendo: por que existe um dia do Orgulho Gay, mas não um dia do Orgulho Hétero? Dá pra entender a existência de homens que praticam o amor que não ousa dizer seu nome. Ok. Tudo bem. Mas isso, por acaso, é motivo de orgulho? É motivo de orgulho preferir o Vampeta a uma... uma... bem, a uma... lambreta?
  • Sim, é! É sim!
  • Não seja reacionário, internauta preconceituoso! Nesta época pós-freudiana e pós-marxista, com a civilização ocidental caminhando rapidamente para o declínio, fazer um sexozinho gostoso não basta. Não, não, não.
    É preciso gritar nas ruas as nossas preferências (“Me chama de Big Brother e devassa minha intimidadeeee!”). É preciso expor as nossas taras (“Me chama de pastel e me enche de carneeeeee!”). É preciso, enfim, botar a cama na janela (“Me chama de World Trade Center e explode dentro de miiiiim!”).
  • Vamos todos sair alegres e saltitantes pelas ruas. Os zoófilos e seus bichos. Os coprófilos e seus penicos. Os pedófilos e seus turíbulos. Os podólatras e seus sapatos. Os necrófilos e suas esposas inglesas. 
  • Mesmo nós, homens heterossexuais, que gostamos simplesmente de mulher, não devemos temer a ira da sociedade. Gostamos de mulher, sim, e daí? Eme-u-éle-e-acento-no-e. Mulher. Mesmo que sejamos discriminados, não vamos nos render. Vamos dizer bem alto: “Mulher é bom e é legal! Tenho orgulho de ser heterossexual!”
  • Por isso, convoco o companheiro heterossexual a entrar no M.A.C.H.O. (Movimento de Ação Comum do Heterossexual Oprimido). 
  • O M.A.C.H.O. vai organizar churrascos, peladas e campeonatos de monster truck para o movimento crescer e engrossar. 
  • O M.A.C.H.O. vai promover e divulgar a obra de grandes artistas e intelectuais heterossexuais. Andy Warhol não! Picasso sim! Marcel Proust não! Nelson Rodrigues sim! Virginia Woolf ruim! Ernest Hemingway bom! Gugu feio! Ratinho lindão!
  • O M.A.C.H.O. vai criar o Dia Internacional do Orgulho Hétero para que nós possamos sair às ruas com a cara cheia de manguaça e vestidos de mulher! Oba, oba!
  • Pensando bem, é melhor rever esta última proposta. 
  • O que importa é que nós, homens heterossexuais, estamos unidos por um mesmo ideal: ficar desunido o mais rápido possível e arranjar uma mulher pra gente se unir!
  • Mulher é bom e é legal! Tenho orgulho de ser heterossexual!