Hoje é dia de sonhos, de alegrias desmedidas, sem o medo da separação, que virá na figura da morte, seja do amado - espera-se -, seja do amor. Mas disso, falamos depois. Hoje, a felicidade suburbana bate às nossas porta tijucanas para saudar o amor cosmopolita e pós moderno que arrisca, que se mostra disposto ao passo seguinte, à tentativa, dado o fato de o casamento não ter serventia para nada hoje em dia, a não ser a de ser um grande presente. Um grande salve aos bons amigos Leo Rocha e Manuela Gonçalves.Um grande salve a eles. E em sua homenagem, um pouquinho de poesia do grande mestre Alvaro Assis.
Prece cigana
Dai-me
uma jovem mulher com seu canto lírico
E
suas covinhas de enterrar-me em cena
Talvez
cegar-me apavorado de apego
Esticar
minha jornada no elástico de suas roupas íntimas
Só
pra bordar: “nunca me esqueça” pelo seu corpo de dormir
Dai-me
não saber de nada de ouvidos lacrados
E
daqui, sem alcançar suas asas, observar o seu voo impreciso
Golpe
por golpe desejá-la desapercebido de escudo
Despercebido,
ao acaso morno, como quem enfrenta
Uma
vida louca de amor sem ela, a vida... agora dela...
Zumbizado
num boteco as cinco da matina
Cantando
pretas, roxas e amarelas flores no vazio
Dai-me,
Ó Deus, de seu noviciado gostar tanto pra não envelhecer...
E
fazer tapetes de voar a dois... de pisar-me a sós
E
por vezes dirão: Ó pobre homem mordaz...
Mas
não... estarei ali, mesclando fel e baunilha
No
cálice vermelho dos seus lábios de matar-me de sede...