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Escrevinhador barato, compositor, leitor voraz, cozinheiro, músico e bancário nas horas vagas

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O que é a tua casa???

Já repararam com que força nos sentimos fracos quando estamos em nossa casa? Como nos bastamos? Acho bastante injusta a pouca relevância que se dá à palavra "lar" em nosso tão amado português. 

Cá estou eu, curtindo uma receita nova de café (depois conto, ok?), ouvindo um disquinho de Compay Segundo (lembra Mariana Santos?), sentadinho numa poltroninha que já foi do velho Tonico nos seus últimos dias, mirando meus livrinhos e meus brinquedos e, apesar de morar em uma das cidades mais maravilhosas do planeta, não tenho tesão algum em sair daqui hoje.

Quando conseguimos encontrar um lugarzinho para chamar de nosso, mesmo que as paredes sejam de outrem, somos suficientes. Somos mais.

E o assombroso em morar no Rio (ou em São Paulo, Porto Alegre, Nova York, Bogotá ou Paris) é que raramente damos valor a isso, nesta vida atribulada a que fomos enredados - voluntariamente ou não. Temos sempre que estar super dispostos à balada, ao bar da moda, ao melhor restaurante, à última dos impressionistas franceses, ao quiosque da praia, ao mais novo DJ canadense ou à novidade da música argelina; sempre dispostos, de pau duro, encantados com o escritor hypster do momento, tendo-o lido ou não.

A casa da gente, por mais que não confessemos, é como a mulher amada: não sabemos o porque de a amarmos e estamos sempre insatisfeitos com isso. Sempre achamos que a gostosa do outro lado da rua é a melhor escolha, que a cerveja do bar é mais gelada, que o clichê da grama é verdade, que a atriz nua da peça será a melhor trepada da história.

Minha casa é meu bunker. É o abrigo antibombas (junto ou separado, reforma?) onde reúno meus amigos, seus amigos, seus conhecidos, aprendo a ouvir minha velha coroa resumindo como a novela anterior era ótima e como esta promete ser melhor ainda. É um santuário da diáspora petropolitana, onde deságuo o rio de incompreensões que saltam da alma.

Nesta tarde, que já vai virando noite, percebo como sou um bobo de não passar mais tempo em casa. E com isto vou aprendendo também a pensar na gostosa que por vezes a habita, vendo o quão verde é seu capim ao pegar uma breja vestida em seus óculos lindos.

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