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Escrevinhador barato, compositor, leitor voraz, cozinheiro, músico e bancário nas horas vagas

sábado, 24 de novembro de 2012

Repetitivas Bundas



Não sei vocês, mas eu, tanto no amor,quanto em tudo mais que resta da vida, não tenho medo de ser repetitivo.

É claro que em meu trabalho, em minha música, em minhas arriscadas aparições pelo mundo das letras, sempre que posso, tento inovar, tento trazer o máximo de minha criatividade a tona, bebendo de todas as fontes possíveis e acrescentando um tempero que é só meu, visando compor a receita, se não perfeita, pelo menos honesta, com a minha cara.

Disse isso porque me veio à mente uma cena já enormemente descrita pelos mais diversos cronistas, letristas, romancistas e que me fez cair em reflexão: qual o impacto das imperfeições femininas no encanto por elas trazido?

Parafraseando Martinho, já tive mulheres de todos os tipos. E me pego sempre pensando, com o perdão da palavra, naquelas bundas de cinema, de calendário de borracharia, que já passaram pela minha cama. Ah, que coisa linda, aquelas curvas, aquela cadência, aquela superfície quase de cerâmica (ébano?) sobre a qual poderíamos fazer as mais ricas e delicadas pastas para o mais exigente dono de rotisserie.

Mas, e aí? Eu me pergunto e te pergunto, arguto (e sofrido) leitor: e aí? E o depois? E o além? Como fica? É isto? Bastou? Já deu?

Questiono, pois, voltando às danadas que já transitaram pelas autopistas sinuosas das vias eulerísticas, as mulheres de verdade sempre tiveram uma maior participação acionária no conglomerado falido que é o meu peito. Aquelas que eu posso chamar de mulheres da minha vida, as que causaram impacto, as que me fizeram cair de 5, com o queixo ralado e feliz até quando sofria, todas elas, tinham o que se chama (acho que foi o Jabor) de amor em braile. Gostosura para se entender no escuro dos olhinhos fechados de alegria, no sofrimento do prazer, nos claros maduros e sem receios da meia luz ou na alegria da saída do banho sem toalha após o encontro de bom dia.

As imperfeições sobre as quais falei lá em cima são a intersecção entre minhas musas. São a obra em andamento dos amores surgidos sortidos e surtados ao longo destas mil décadas de estrada e tombos. Apesar de todas as bundas Kir Royal, as que me encantaram e sempre encantarão são mesmo as bundas Brahma, as ancas de Salinas, as pernas feijoada. As celulites, os culotes, as estrias são os ovos fritos com gema mole de Stanislaw. Dão tempero, gosto, sabor e alegria a qualquer prato.

Faço deste, pois, uma homenagem repetitiva repetitiva minha às imperfeições femininas, às cicatrizes de guerra de nossas Deusas (maiúscula, revisor), às próprias deidades que cruzam nossas vielas e as transformam em 9 de Júlio, em Presidente Vargas, enfim, lanternas para abrir nossos caminhos e bolsas para carregar nossos sonhos.